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Trabalho Ambiental
Hoje é difícil pegar qualquer publicação sem ler sobre o estado do meio ambiente. Porém, os primeiros aurovilianos, lutando no final dos anos sessenta, início dos setenta para obter um apoio para os pés em um planalto queimado e quase estéril no sul da Índia, não agonizaram sobre os níveis de pH, a destruição da camada de ozônio ou o efeito estufa. Eles não tinham escolha. Eles cavaram, plantaram, regaram. E essa abordagem básica, sem complicações, assumida por muitos outros e refinada com o passar dos anos, tem feito de Auroville o que ela é hoje – uma terra comparavelmente verde e agradável que é base física indispensável para os seus sonhos e os seus experimentos.
Terra de florestas
A Índia era uma terra de florestas. Florestas onde heróis e bandidos se escondiam e viviam em exílio, florestas em que eles viajavam perigosamente, florestas onde sábios viviam e reuniam os seus discípulos ao redor deles.
Hoje, essas florestas, certa vez a riqueza de uma terra poderosa, quase todas se foram. Dos sopés dos Himalaias ao Cabo Comorim, menos de 12% da massa de terra da Índia suporta qualquer forma de cobertura arbórea. E apesar de uma consciência crescente de uma catástrofe ecológica em formação (20% da cobertura de florestas da Índia desapareceu desde 1960), a destruição continua.
História da área
Cerca de duzentos anos atrás, também o planalto de Auroville e a área que a circunda eram cobertos por floresta. Uma pedra foi descoberta em Kilianur, datada de 1750, que descrevia o rei local caçando elefantes e tigres na floresta próxima. Em 1825, as árvores foram derrubadas na área de Jipmer entre Auroville e Pondy para afastar os tigres.
Lentamente, as florestas foram cortadas para que se construíssem cidades como Pondicherry e vilas como Kalapet. A madeira foi usada para exportação, e os britânicos aceleraram o processo de repartir lotes de terra a qualquer um que a limpasse e a cultivasse por um ano. Muito disso então foi deixado em pousio e sob a violenta investida da monção, e a erosão inevitavelmente começou.
Os últimos lotes restantes de floresta na área de Auroville – 2.000 árvores neem adultas – foram cortados na metade dos anos cinquenta para utilizar a madeira para construir barcos. Em menos de 200 anos, o que uma vez tinha sido uma floresta se tornou uma vastidão de terra vermelha assada com barrancos e ravinas que foram esculpidas pelas enchentes das monções. Todo ano, toneladas do solo superficial restante eram varridos para dentro da Baía da Bengala nas proximidades.
Primeiras tentativas e erros de Auroville
As primeiras necessidades que confrontaram os primeiros colonizadores de Auroville foram sombra e água. Entretanto, logo ficou claro que se as jovens mudas fossem sobreviver, outras medidas teriam de ser tomadas. Elas precisavam ser protegidas, por exemplo, contra cabras e vacas saqueadoras, e alguma maneira tinha de ser encontrada para capturar e controlar as chuvas de monções para que elas não varressem o precioso solo superficial, mas que penetrassem o lençol freático. Dessa forma, ‘diques’ (bancos de terra erguidos para parar o escoamento da terra) nasceram.
Nesses primeiros anos, foi um processo de tentativa e erro, e muitos equívocos foram feitos. Por exemplo, uma enorme represa erguida próximo a Forecomers se quebrou em uma chuva pesada, porque o fluxo de água dentro do desfiladeiro não estava controlado. Dez anos depois, em 1978, uma chuva esquisita de trinta centímetros em doze horas quebrou os diques e arrastou diversas árvores jovens. A lição aprendida daquela vez foi que fazer diques tinha de ser sistemático e abrangente, começando no topo da bacia hidrográfica e seguindo a topografia da terra.
Campanha de reflorestamento
A campanha de reflorestamento começou no início dos anos 1970. Os primeiros viveiros de árvores tiveram início em Success e Kottakarai e, com a ajuda de subsídios da Point Foundation, do Tamil Fund e amigos no exterior, a plantação de árvores em larga escala começou. Nos próximos dez anos, como parte de um enorme programa de conservação do solo e da água, mais de um milhão de árvores – madeiras de construção, ornamentais, para cercas, frutíferas e forragem, nogueiras, etc. – foram plantadas aqui. Algumas eram exóticas, como por exemplo a ‘Work Tree’ [Árvore do Trabalho] australiana (nome dado pela Mãe para a Acacia auriculiformis), que se adaptou tão bem que agora está expulsando outras espécies. Assim que as árvores cresciam, e com os microclimas formados, muitas espécies de aves e outros animais retornaram, acelerando mais a disseminação de sementes e enriquecendo o ambiente.
Monitoramento científico
Em 1982, impressionado com o sucesso do projeto de reflorestamento, o Departamento do Meio Ambiente do Governo da Índia ofereceu 11 laques de rúpias (no período, cerca de US$ 100.000) por cinco anos para plantar árvores e monitorar cientificamente os resultados de modo que as técnicas e espécies mais apropriadas para a nossa situação – que é a situação de muitas outras partes da Índia – poderiam ser identificadas. Era o começo de uma nova orientação para os trabalhadores do verde em Auroville, pois agora se tornou evidente que Auroville tinha algo precioso para oferecer além dos seus próprios limites.
Trabalho além dos limites de Auroville
Os trabalhadores do verde aurovilianos têm, de maneira crescente, saído pela Índia para partilhar a sua experiência e ajudar a iniciar novos programas de reflorestamento, esses têm incluído projetos com refugiados tibetanos em Karnataka, com membros da tribo Irula próximo a Chinglepet em Tamil Nadu, e um enorme projeto, financiado pela Comissão Nacional de Terrenos Baldios, nos Montes Palani para reflorestar grandes áreas próximas a Dindigul e Kodaikanal.
O Cinturão Verde
A maior parte da área reflorestada está situada no cinturão verde ao redor da área da futura cidade, formando uma zona tampão para proteger Auroville de intrusão pela rápida expansão dos subúrbios de Pondicherry. Esse cinturão verde é escassamente habitado, em sua maioria por zeladores da floresta, agora quase completamente crescida. O Grupo Florestal se encontra a cada mês para compartilhar informações e decidir a respeito da alocação de fundos (normalmente, esses são insuficientes) para a manutenção e o reflorestamento e a construção de diques nos novos lotes de terra adquiridos.
Adaptado de ‘The Auroville Adventure’
(Page translated by Pablo Antunes)